Rio-2016

Relatório afirma que Rússia tinha sistema de doping promovido pelo Estado

Emilayne Mayara dos Santos
Emilayne Mayara dos Santos
Publicado em 18/07/2016 às 11:32
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Com a descoberta, a Rússia pode ser totalmente excluída das Olimpíadas do Rio-2016 / Foto: EBC

Com a descoberta, a Rússia pode ser totalmente excluída das Olimpíadas do Rio-2016 Foto: EBC

A Rússia orquestrou um "sistema de doping promovido pelo Estado" no esporte, incluindo os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi-2014, afirma um relatório independente da Agência Mundial Antidoping (Wada) publicado nesta segunda-feira (18) e que pode provocar a proibição total do país no Rio-2016.

O relatório, redigido pelo professor canadense Richard McLaren, revela que o programa foi organizado pelo ministro dos Esportes russo, Vitaly Mutko, com "a ativa participação e assistência" dos serviços secretos do país. 

"O laboratório russo atuou para proteger os atletas russos dopados com um sistema promovido pelo Estado", afirma McLaren.

"O laboratório de Sochi trabalhou com uma única mostra, mudando sua metodologia, para permitir aos atletas russos competir nos Jogos Olímpicos de Inverno", destaca.

As agências antidoping dos Estados Unidos e Canadá estavam preparadas para solicitar uma punição que proíba a presença de todos os atletas russos nos Jogos Olímpicos do Rio, que começam em 5 de agosto, caso o relatório seguisse nesta direção.

"O ministro dos Esportes dirigiu, controlou e supervisionou a manipulação dos resultados dos atletas, ou as mudanças nas mostras, com a ativa participação do FSB (Serviço de Segurança Federal da Rússia), CSP (Centro de Preparação Esportiva para os atletas russos) e os laboratórios de Moscou e Sochi".

McLaren é professor de Direito na Western University of London (Ontario) e membro do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS).

O documento afirma ainda que mostras positivas de vários atletas do Mundial de Atletismo de Moscou-2013 foram substituídas antes do envio a outro laboratório da Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

"Ao final do Mundial de Moscou em 2013, o laboratório afastou mostras positivas, retirou as tampas e substituiu a urina 'suja', antes que as mostras fossem enviadas para outro laboratório de instrução da IAAF", afirma o relatório.

A comissão, nomeada pela Wada, decidiu investigar as acusações do ex-diretor do laboratório antidoping de Moscou Grigori Rodtchenkov.

Em maio, Rodtchenkov revelou que dezenas de atletas russos, incluindo 15 medalhistas olímpicos, se aproveitaram de um sistema de doping organizado e supervisionado por Moscou e seus serviços de inteligência nos Jogos de Sochi.

Também integrou a comissão independente dirigida pelo ex-diretor da Wada Richard Pound, que anunciou em novembro de 2015 o uso generalizado de doping no atletismo russo e provocou a suspensão do país pela IAAF.

A IAAF confirmou em 17 de junho a suspensão da Rússia dos Jogos Rio-2016, mas deixou a porta aberta para a presença de atletas russos limpos nas Olimpíadas, o que deve ser decidido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), de forma individual, e para aqueles atletas que estavam "fora do país" e demonstrem "estar submetidos a outros sistemas de controle antidoping".

O TAS decidirá até 21 de julho sobre a participação de 68 atletas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, anunciou a instituição com sede em Lausanne (Suíça).

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