Velório coletivo

Chuva, emoção e participação popular no adeus aos jogadores da Chape

Julliana de Melo
Julliana de Melo
Publicado em 03/12/2016 às 19:19
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Arena Condá vela vítimas de tragédia com choro, chuva e "o campeão voltou" / Foto: Nelson Almeida/ AFP

Arena Condá vela vítimas de tragédia com choro, chuva e "o campeão voltou" Foto: Nelson Almeida/ AFP

Sob um clima de forte emoção e com grande participação popular, a cerimônia em homenagem às vítimas do acidente aéreo na Colômbia com o time da Chapecoense foi encerrada na tarde deste sábado (3) na Arena Condá, em Chapecó, Santa Catarina.

Um dos destaques do evento foi a mensagem enviada pelo papa Francisco, cujo texto foi lido durante a cerimônia pelo bispo de Chapecó, dom Odelir Magri. "Consternado pela trágica notícia do acidente na Colômbia, o papa pede que sejam transmitidas suas condolências e sua participação na dor de todos os enlutados. Ao mesmo tempo, pede ao céu conforto e restabelecimento para os sobreviventes e coragem e consolação para todos os atingidos pela tragédia", diz a mensagem.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, em discurso no fim da cerimônia, ressaltou o “momento de dor”, e disse que não havia palavras que pudessem diminuir o sofrimento dos que perderam entes queridos no acidente. “Quero deixar aqui um abraço solidário de todo o mundo do futebol e dizer que a Fifa está do vosso lado, não só hoje mas sempre. Força Chape, somos todos brasileiros, somos todos chapecoenses.”

Prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, e presidente Michel Temer cumprimentam-se

Prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, e presidente Michel Temer cumprimentam-se Foto: Beto Barata/PR

Após polêmica envolvendo sua ida à cerimônia, Temer decidiu ir ao velório das vítimas do acidente aéreo na Arena Condá. Ao Portal UOL, o presidente disse que decidiu ir de última hora. “Não poderia dizer que ia ao estádio ontem porque senão a segurança teria que revistar as pessoas que entram. Só comuniquei que vou lá agora, para facilitar a vida de todos”, disse.

Chuva não intimida público

A forte chuva que caiu em Chapecó na manhã deste sábado não espantou o público, que aguardou desde cedo a chegada dos corpos das vítimas do acidente aéreo de terça-feira (29), em que morreram jogadores e dirigentes da Chapecoense e jornalistas que viajavam para a cobertura da primeira partida da final da Copa Sul-Americana, que seria disputada na quarta-feira (30), entre o time catarinense e o Atlético Nacional, equipe da cidade colombiana de Medellín.

Os corpos chegaram por volta das 12h25 ao estádio, depois de um cortejo que percorreu as ruas da cidade. As arquibancadas ficaram lotadas de torcedores e populares que, emocionados, se abrigavam debaixo de capas e guarda-chuvas.

Em várias partes do estádio viam-se faixas em agradecimento ao povo da Colômbia, país onde ocorreu o acidente e que prestou atendimento e fez o resgate das vítimas. Na quarta-feira, uma cerimônia muito emocionante em homenagem às vítimas foi realizada no estádio de Medellín, exatamente no horário em que seria disputada a final da Copa Sul-Americana.

Alguns torcedores levaram à Arena Condá, inclusive, a bandeira colombiana. "Colombia, gracias por todo" (Colômbia, obrigado por tudo), dizia uma das faixas. Outra, em inglês, dizia:  "A todo mundo, o que nos resta é agradecer".

"O carinho que eles [colombianos] tiveram com todo o povo chapecoense, com todos os brasileiros, foi muito comovente. Por mais que a gente queira demonstrar o quanto estamos gratos, não há palavras para dizer o quanto estamos honrados por tê-los como irmãos, vizinhos. Eu acho que Deus colocou uma nação muito nobre, muito educada e cheia de princípios para ensinar para todo mundo a fraternidade e a solidariedades. Esses professores são os colombianos", disse Gustavo Braun, corretor de seguros que levava uma das faixas.

*Com informações da Agência Ansa

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