Ao enfrentarem o monstro que é a criação, optaram por relaxar com um ou outro blues que formam a pedra fundamental da identidade sonora dos Stones. Foto: Marina Bay Sands / AFP
Rockin' at the Hops, de Chuck Berry, havia sido lançado em 1960, um ano antes daquele encontro. O outro era uma coletânea de Muddy Waters, o pai do Chicago Blues, subgênero nascido do Delta Blues com a adição da eletricidade das guitarras e baixos, piano e até instrumentos de sopro.
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Nasceu, de forma despretensiosa, Blue & Lonesome, o novo disco dos Rolling Stones, o primeiro em 11 anos, desde A Bigger Bang. O álbum chega ao mundo todo nesta sexta-feira, 2. A ideia era criar um álbum com músicas inéditas, tal qual o antecessor, responsável por trazer a banda em turnê para aquele que foi o maior show da carreira deles, na praia de Copacabana, para 2 milhões de pessoas.
A grandiosidade das canções para multidões se apequenou. No lugar das novas canções, as velharias empoeiradas. Ao enfrentarem o monstro que é a criação, optaram por relaxar com um ou outro blues que formam a pedra fundamental da identidade sonora dos Stones.
A primeira testada foi Blue and Lonesome, de Memphis Slim e popularizada por Little Walter, sugerida por Richards. Aos poucos, as articulações das mãos do guitarrista já gastas pelos anos voltavam a desenhar pelo braço do instrumento que o acompanha há quase seis décadas. "Vamos fazer agora um Howlin’ Wolf?", sugeriu Richards, na sequência. A experiência de tocar um blues para soltar cabeça e corpo para as novas composições foi mais do que um escape.
Em Blue & Lonesome, Jagger e Richards prestam uma devida e bonita homenagem por inteiro para o gênero que os uniu. Em meio a tanto acaso, tantos trens e plataformas pelas quais eles poderiam passar, se trombaram naquela manhã de outubro de 1961 para mudar o rumo da história. E se o blues não estivesse ali, na guitarra de um e nos discos do outro, a história seria outra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.