Cannes

Elenco de Aquarius não acredita em boicote ao filme

Emy Santos
Emy Santos
Publicado em 19/05/2016 às 12:29
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A hastag  #BoicoteAquarius foi um dos temas mais comentados no twitter nessa quarta-feira (18). Para um dos atores do filme, Pedro Queiroz, as críticas não deverão ter peso no interesse do público / Foto: Divulgação

A hastag #BoicoteAquarius foi um dos temas mais comentados no twitter nessa quarta-feira (18). Para um dos atores do filme, Pedro Queiroz, as críticas não deverão ter peso no interesse do público Foto: Divulgação

Uma grande polêmica foi gerada após o protesto do elenco do longa-metragem Aquarius, no Festival de Cannes, contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No Brasil, a manifestação foi avaliada de maneira positiva por alguns e negativa por outros. A hastag  #BoicoteAquarius foi um dos temas mais comentados no twitter nessa quarta-feira (18). Para um dos atores do filme, Pedro Queiroz, as críticas não deverão ter peso no interesse do público. "Deixe que boicotem. O mundo quer assistir ao filme. Não é esse conservadorismo burro do Brasil que vai impedir que ele circule e seja visto. Há muito mais pessoas que querem ver a qualidade da produção do cinema nacional", acredita. 

“Há uma grande torcida para que a gente leve o prêmio para o Brasil, sendo que o mais importante é termos chegado até aqui. E diante do atual cenário político brasileiro, não entramos apenas festejando no tapete vermelho, decidimos tomar uma postura para dar visibilidade de uma maneira reflexiva, protestando contra o impeachment. Quando nós viemos para cá, a presidente era uma, mas quando voltarmos a situação vai estar diferente, não dá para ignorar isso”, afirmou o ator.

Pedro Queiroz também lamenta a fusão do Ministério da Cultura com a Educação. Ele acredita que irá interferir, diretamente, na indústria cinematográfica. “Em geral há um receio em assumir uma posição política fora dos espaços em que já é esperado um posicionamento. Mas a gente que trabalha com cultura não tem muito o que fazer, não dá pra ignorar a dissolução do Ministério da Cultura como um dos primeiros gestos do governo Temer” relata.

O jornalista Reinaldo Azevedo se posicionou em relação à manifestação na França, fazendo a seguinte afirmação em seu blog: "Assim que “Aquarius” estrear no Brasil, o dever das pessoas de bem é boicotá-lo. Que os esquerdistas garantam a bilheteria. Se bem que ter público nunca foi uma questão para cineastas de esquerda. A eles basta mamar nas tetas das estatais e do estado."

O ator pernambucano rebate os comentários do jornalista: "Reinaldo Azevedo é desonesto com a classe artística ao dizer que nos basta "mamar nas tetas do governo", e escreve de forma chula em seu artigo sugerindo o tal boicote."

O FILME - Se receber a mais alta premiação de Cannes, Aquarius será o segundo filme do Brasil a realizar o feito depois de 54 anos do prêmio conquistado pelo longa O pagador de promessas. 

O filme de Kleber Mendonça Filho gira em torno da personagem Clara, jornalista, escritora, viúva e mãe de três filhos adultos. A personagem, interpretada por Sônia Braga, mora de frente para o mar, no prédio Aquarius, último de estilo antigo da Avenida Boa Viagem, no Recife. Ela irá enfrentar as investidas de uma construtora que quer demolir o Aquarius para dar lugar a um novo empreendimento.

A participação do ator Pedro Queiroz não é tão longa, assim como a passagem de outros personagens, pois no geral todos orbitam ao redor da protagonista Clara. "A personagem  está em todas as cenas. O filme é composto de um elenco enorme de pequenas participações. Meu papel é de integrante da família, sobrinho de Clara."

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