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No dia do Repórter Fotográfico, profissionais contam histórias por trás das imagens

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 02/09/2016 às 14:30
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A infância, com sua inocência, também é registrada pelas lentes dos profissionais / Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem

A infância, com sua inocência, também é registrada pelas lentes dos profissionais Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem

No jornalismo, texto e imagem se complementam, dando sentido à narrativa. Juntos, têm o poder de narrar fatos e acontecimentos marcantes de forma única. E nesta sexta-feira (2), quando se comemora o Dia do Repórter Fotográfico, os fotógrafos da JC Imagem, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, contam um pouco sobre as histórias por trás de imagens marcantes.

Arnaldo Carvalho

Graças a essa foto fui contratado como estagiário. Era greve da PM, em 1997, quando o exército colocou tanques de guerra nas ruas. A passagem pela cidade foi rápida e ninguém além de mim conseguiu registrar esse momento. Uma foto emblemática. Era governo de Arraes e o exército estava nas ruas, indo em direção ao Palácio do Campo das Princesas. Foram apenas dois cliques com uma máquina Canon EOS 500 (motordrive tartaruga). Uma foto para capa do jornal e outro para a capa de cidades.

Diego Nigro

Entre pautas pode surgir a grande imagem e ela às vezes aparece para mim, seja por garimpo ou por sorte. Esta foto traduz um pouco disso. Não era a pauta, estava apenas de passagem. Olhei um carro do choque parado na esquina e não deixei passar, fui checar, lá estava a grande pauta e as fortes imagens daquele dia. Uma desapropriação de um terreno no bairro do Arruda.

Tato Rocha

Recife à noite mostrando seus contrastes sociais e sua beleza. Fiz essa foto durante a produção do vídeo Recife de Bolso, para o aniversário do Recife em 2016. O especial foi feito em parceria com André Nery. Todo o vídeo foi especial pra mim porque pude ver o Recife de vários ângulos, que jamais poderia antes.

Sérgio Bernardo

Garoto cheira cola sentado sobre o busto de Pelópidas da Silveira, ex-prefeito do Recife. A imagem ilustrou uma reportagem do Jornal do Commercio sobre o informe da ONU a respeito de crianças em situação de risco no Brasil. Essa foto me marcou pelo simbolismo implícito entre a vulnerabilidade de milhares de crianças e o descaso das autoridades brasileiras com o tema. A imagem foi premiada no 22º Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo e publicada no livro O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro Edição 2016.

Alexandre Gondim

Era greve da Polícia Militar de Pernambuco. O clima estava tenso nas ruas e, na redação, ainda mais. Recebi o pedido de ir cobrir, mas de ter muito cuidado. Me deparei com esta cena: Populares traziam de dentro da favela um corpo ensanguentado para ser jogado na Avenida principal do bairro de classe alta. Pedi para para o motorista parar o carro e comecei a fotografar. Logo as pessoas que acompanhavam o cortejo começaram a apedrejar o carro e a correrem em minha direção. Sai em fuga e já abrindo o computador para enviar à redação. Sabia que tinha uma grande fotografia no cartão. Essa foto foi publicada no site da Reuters e eleita por eles como a melhor foto do dia, a mais impactante do planeta. Como repórter fotográfico fiquei orgulhoso, como popular tive a certeza quer moramos ema "zona de conflito" e que nossas misérias são iguais a qualquer outra miséria em qualquer parte do planta. O que difere é a proximidade que você esta do fato. Repórter Fotográfico desde 1995.

Guga Matos

Uma matéria que me marcou foi o especial "Descaminhos", feito com a jornalista Roberta Soares e o motorista Reginaldo de Araújo. Nós percorremos mais de 10 mil quilômetros e vimos a realidade dos que utilizam as rodovias federais e estaduais. Conhecida como "Rodovia da Vergonha", ela tem uma face cruel que tira a moral e a dignidade das pessoas que ela afeta e atinge também a economia das cidades. Mostramos essa realidade para os que nem sonham que existe e o especial foi finalista do Prêmio Nacional CNT.

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