Cineasta defende redes alternativas de difusão cultural


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Cineasta defende redes alternativas de difusão cultural

Ne10
Publicado em 30/06/2007 às 12:14

A divulgação da diversidade cultural vive um paradoxo no Brasil: enquanto a maioria da população não reconhece a riqueza das manifestações culturais do país e prefere produtos nos modelos norte-americanos, paralelamente são criadas redes alternativas de divulgação de CDs e filmes nacionais.

A avaliação é do presidente da Coalizão Brasileira pela Diversidade Cultural (CBDC), Geraldo Moraes, que participou durante esta semana do Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, em Brasília.

A coalizão reúne músicos, cineastas e editores de livros. Segundo Moraes, 85% do mercado mundial é dominado por filmes norte-americanos, enquanto cinco grandes transnacionais controlam mais de 70% dos registros musicais.

No Brasil, segundo o cineasta, multiplicam-se as pequenas gravadoras e os mecanismos de produção e distribuição independente, na contramão dessa corrente mundial: “Fora dos shoppings, em todas as regiões do Brasil e do mundo, as novas tecnologias permitem maior disseminação dessa produção, porque os equipamentos digitais estão cada vez mais baratos e acessíveis à população".

Esse modelo, “mesmo desorganizado”, mantém o mercado musical do sertanejo e do chamado tecnobrega, citou. O tecnobrega é mais difundido no estado do Pará, por meio dos camelôs, que vendem os discos a preços populares. Os artistas, lembrou Moraes, não ganham dinheiro com a venda direta do material, mas com a realização de shows – o público é atraído pelo que ouve nos discos.

Na avaliação do cineasta, iniciativas como essas atuam na promoção da diversidade cultural. “E mesmo que as pessoas que atuam nessa realidade não entendam o que estão realizando, elas ajudam a divulgar padrões musicais nacionais", completou. Ele citou como exemplo grupos musicais que, de tanto ouvir músicas em inglês, não conseguem compor em português. E as produções que “sofrem a influência de padrões de filmes e novelas norte-americanos". "É uma castração da criatividade”, lamenta.

A cultura brasileira, acrescentou, só será valorizada quando a população entender que se trata de uma questão de identidade. No caso de mídias dispendiosas, como o cinema, segundo ele, a chave é encontrar formas de diminuir os custos de produção e desenvolver redes de divulgação fora do circuito das grandes salas.

“Enquanto estivermos ligados a padrões americanos, como ficar dentro de um shopping a 17 graus, achando que está em Nova York, em vez de abrir a janela e sentir o ar fresco, não conseguiremos realizar nada”, afirmou o cineasta.

Fonte: Agência Brasil

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