Professores

Com greve decretada, alunos vão à UFPE assistir a poucas aulas

NE10
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Publicado em 30/05/2012 às 15:10
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Desde o dia 17 de maio, os professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão em greve, mas, e na prática, o que está acontecendo? Universidade vazia? Nenhuma aula?

Cada professor da Instituição tem autonomia para decidir se vai aderir à greve ou não, mas alguns departamentos realizaram reuniões internas para decidirem em conjunto a posição que defenderiam - como o de Comunicação que resolveu prosseguir com as atividades normais. Mas, de acordo com Luiza Nóbrega, coordenadora do curso de Jornalismo, mesmo que decidam não apoiar a greve, os professores não podem colocar falta para os alunos.

De maneira geral, poucos foram os cursos que aderiram cem por cento ao movimento. Pedagogia apresenta a maior adesão e o Centro de Educação (CE) está bastante vazio. A aluna Dayse Anne Neves paga cinco disciplinas neste sétimo período do curso e nenhum professor prossegue com as aulas. A estudante só estava na UFPE nesta quarta-feira (30) para realizar atividades de pesquisa: 'Como estou analisando creches, meu grupo decidiu continuar a observação para adiantarmos as atividades'.


Biblioteca no Centro de Educação (CE) praticamente vazia

Na área de saúde, aconteceu a adesão parcial. Estudantes de Biomedicina, Fonoaudiologia, Nutrição e Medicina que conversaram com a reportagem do NE10 têm aulas de algumas disciplinas. Nayara Máximo, estudante do primeiro período de Nutrição está com atividades normais em quatro, enquanto dois professores não estão dando aulas. A aluna só não está comparecendo à UFPE durante as segundas-feiras, mas reclama: 'É ruim porque muitas vezes a gente tem que se deslocar pra assistir apenas a uma aula'. A estudante de Medicina do quarto período, Suélen, tem metade das matérias e inclusive provas marcadas 'só que estavam agendadas antes da deflagração da greve', explica. A comerciante Maria Nazaré tem uma lanchonete no Centro de Ciências da Saúde (CCS) e reclama do pouco movimento: 'À tarde é que não tem ninguém mesmo, mas tenho que vir trabalhar porque pago o aluguel do ponto de venda'. A vendedora explica que o movimento agora é principalmente de alunos da pós-graduação e de monitores dos laboratórios.


Apesar de com algumas aulas, os corredores do Centro de Ciências Biológicas (CCB) estavam vazios. Alunos têm poucas aulas por dia

No Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), o movimento também era pouco e o diagnóstico da greve semelhante ao da área de saúde: parcial e dependendo do veredito de cada professor. A aluna Priscilla Paulla, do quarto período de Administração, tem aula em três disciplinas e em duas, não. 'Essa situação é horrível porque temos que vir pra Universidade assistir só a uma aula por dia, que às vezes nem tem, como foi ontem', reclama a estudante. 'Ou todos os professores deveriam vir ou nenhum', acredita. Ela e as amigas estão preocupadas com a situação: 'Se continuar assim por muito tempo, vamos continuar com algumas aulas agora e outras nas férias'.

A frente do Centro de Artes e Comunicação (CAC) é local de encontro para muitos alunos do centro e dos vizinhos - como o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e o de Educação (CE). Apesar de algumas aulas estarem ocorrendo normalmente no CAC, como as de Comunicação, de Design e de Biblioteconomia, o fluxo de gente no local está bem menor por conta da evasão nos demais centros. Os cursos de Dança e Música aderiram totalmente ao movimento e outros estão em greve parcial, como o caso do curso de Cinema onde cinco professores não realizam atividades. Já os alunos têm feito assembléias a respeito da greve dos estudantes.

Lara Buitron é estudante de Cinema e participa da movimentação estudantil. De acordo com ela, o objetivo, além de apoiar a greve dos professores, é entender o que está acontecendo e discutir pautas de interesse direto para os alunos como o projeto de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). 'O curso de Cinema e o de Dança do CAC foram criados pelo Reuni e não temos nenhuma estrutura', explica a estudante. Segundo Lara, Dança possui sete turmas e apenas duas salas de aulas e os estudantes de Cinema não possuem equipamentos nos laboratórios.


Frente do Centro de Artes e Comunicação (CAC) sem o fluxo habitual de pessoas


Já nas Engenharias, a adesão à greve foi pouca. Rodolfo Leite, estudante do quinto período de Engenharia Elétrica só cursa uma disciplina na qual o professor decretou greve: 'As outras cinco estão normais, mas alguns professores têm receio de dar aula no corredor principal com medo de alguma algazarra a favor da greve'. Márcio Salmita está no terceiro período de Engenharia Civil e não está sentindo a paralisação: 'Pago muitas cadeiras na área 2 e lá apenas o curso de Química decretou greve'.


No Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) o movimento de carros e pessoas aparentava normalidade

Na Faculdade de Direito do Recife (FDR) a paralisação também é parcial. A estudante Âni Queiroz está no penúltimo período da Universidade (nono) e, por conta disso, está quase de férias. A sala conversou com os professores que desejaram decretar greve e acordaram que as provas seriam adiantadas: 'Como a gente está se formando e muita gente estuda pra concurso, perderia o prazo de muitas provas caso as aulas fossem adiadas. Os professores entenderam isso e docentes e alunos estão colaborando'. 

De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), professores de 45 universidades federais e dois institutos federais de educação profissional e tecnológica já aderiram à greve da categoria. Em Pernambuco, UFPE, UFRPE e Univasf estão com atividades paralisadas.

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