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Curiosidades, mitos e verdades sobre a cerveja

Por Eduardo Gazal
Por Eduardo Gazal
Publicado em 06/08/2018 às 16:49
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A camada de espuma não deixa que a cerveja tenha contato direto com o ar, isso reduz a oxidação e a perda de gás / Foto: Eduardo Gazal

A camada de espuma não deixa que a cerveja tenha contato direto com o ar, isso reduz a oxidação e a perda de gás Foto: Eduardo Gazal

A coluna Web Gourmet compartilha com seu leitores algumas curiosidades sobre a bebida, em alusão ao "Dia Internacional da Cerveja", celebrado na primeira sexta-feira do mês de agosto, em mais de 50 países. Criada em 2007 por um grupo de amigos americanos da cidade de Santa Cruz, na Califórnia, a data coincide com o início do verão nos Estados Unidos (EUA) e ganhou adeptos ao redor do mundo. O mestre-cervejeiro da Cervejaria Ambev, Leon Mass, lista algumas curiosidades, mitos e verdades sobre a grande protagonista do mês de agosto: a A cerveja.

No Egito Antigo, os trabalhadores que ergueram as grandes pirâmides eram pagos com cerveja. Sua ração diária era de 5 litros – a cerveja, entretanto, era muito menos alcoólica do que a moderna. Na Idade Média, a cerveja manteve o status de alimento. Um dos poucos alimentos seguros naquela época, pois era fabricada com higiene pelos monges católicos. Na liturgia da Igreja, aliás, a bebida foi incorporada como substituta das comidas sólidas nos períodos de jejum dos clérigos.

Os antibióticos, as vacinas e toda a medicina moderna devem muito à cerveja. Eles existem porque o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) resolveu estudar a bebida. Foi quando ele descobriu a existência de micro-organismos e os relacionou às doenças. Mesmo antes de se tornar ingrediente cervejeiro, na Idade Média, o lúpulo já era famoso por suas propriedades medicinais. Um uso tradicional da planta é colocar as flores secas no enchimento do travesseiro – o efeito relaxante proporciona noites de sono tranquilo.

Rótulos da Cervejaria Colorado, diversidade de sabores do Brasil

Rótulos da Cervejaria Colorado, diversidade de sabores do BrasilFoto: Eduardo Gazal

A diferença entre cerveja e chope nada tem a ver com a garrafa e o barril. A cerveja é pasteurizada para resistir vários meses, enquanto o chope não passa por esse processo, que causa pequenas alterações no sabor – altamente perecível, ele deve ser consumido muito fresco e mantido sob refrigeração. Engana-se quem pensa que o uso de milho é uma novidade criada pela indústria cervejeira para baratear e facilitar a produção. O cereal foi acrescentado à cerveja em meados do século 19, por imigrantes alemães nos Estados Unidos. Eles queriam fazer cerveja pilsen – grande sucesso desde o início –, mas a cevada americana tinha mais proteína do que a europeia. Isso resultava em uma cerveja turva e encorpada, justamente o oposto do que se espera de uma pilsen. O milho, então, entrou para suavizar a fórmula. Estava criada a pilsen moderna.

Pilsen é o estilo mais vendido nos países que criaram as quatro grandes escolas cervejeiras: Alemanha, Bélgica, Inglaterra e Estados Unidos. Das marcas mais populares, apenas as alemãs são feitas de puro malte (por exigência legal). O café da manhã tradicional da Baviera, na Alemanha, consiste de salsicha branca (weisswurst), pretzel, mostarda escura e um copo (ou mais) de cerveja de trigo – chamada weizenbier ou weissbier. Por falar em weissbier, os nítidos aromas de cravo e de banana dessa cerveja não provêm da adição desses ingredientes. O acetato de isoamila (responsável pelo cheiro de banana) e o 4-vinil guaiacol (o cheiro de cravo) são substâncias formadas durante a fermentação da bebida.

O que a cerveja, o café e o chá têm em comum: Os três são bebidas com algum grau de amargor. Os estilos cervejeiros mais amargos, como a IPA, se tornaram populares na esteira do chá e do café – as bebidas da moda na Europa dos séculos 18 e 19.

Saiba mais

A água é muito importante para a qualidade da cerveja? VERDADE, MAS...
...uma cervejaria não precisa estar situada junto a um lago alpino ou um ribeirão de águas cristalinas para fazer bebida de qualidade. Hoje em dia, todas as cervejarias modernas tratam a água para obter sempre o mesmo perfil mineral em uma determinada receita. Isso permite a reprodução da fórmula em qualquer parte do mundo.

O sol estraga a cerveja? VERDADE!
A exposição à luz prejudica a qualidade da bebida. O vidro marrom oferece alguma proteção contra os raios, mas não funciona 100%. De qualquer maneira, guarde a cerveja em lugar escuro e fresco

Cerveja dá barriga? MITO, MAS...
A expressão “barriga de cerveja” é injusta com a nossa bebida favorita. A tal barriguinha não aparece em todos que tomam sua cervejinha, mas orna o corpo daqueles que exageram na dose. A culpa não é da cerveja em particular, mas das calorias – presentes em qualquer alimento. Passar o dia comendo pão de queijo também aumenta a barriga.

Gelar muito a cerveja destrói o sabor? MITO!
A regra é clara: quanto mais forte e encorpada a cerveja, menos fria ela deve estar. O que não significa que você deva carregar um termômetro para conferir se o bar serve a bebida na temperatura correta. Por ser leve e delicada, a pilsen merece ser servida gelada. Quantos graus? O brasileiro costuma beber cerveja no limite do congelamento, e não há nada errado nisso. Se você não gosta assim, faça do seu jeito.

Cerveja é a bebida ideal para combinar com petiscos de bar? VERDADE!
A explicação é simples: os botecos costumam servir muita fritura, e a carbonatação (gás) da cerveja leva embora a sensação que a gordura deixa na boca.

Quanto mais escura, mais forte é a cerveja? MITO!
Não se deixe enganar pelos sentidos. A cor marrom ou preta realmente causa a expectativa de uma bebida mais forte ou densa, mas isso não acontece. A tonalidade da cerveja depende da matéria-prima. Maltes de trigo são quase brancos, malte de cevada tipo pilsen dá um tom amarelo, e as variedades tostadas e carameladas completam a paleta com líquidos que vão do avermelhado ao negro intenso. Na realidade, o calor que torra o malte diminui sua capacidade de fermentação – o que resultaria em menos álcool, mas isso é compensado com a adição de outros maltes na receita.

Cerveja puro malte é melhor? MITO!
A lista de ingredientes da cerveja depende do estilo e do perfil sensorial que o mestre-cervejeiro quer obter. Um exemplo: algumas das mais renomadas cervejas belgas são turbinadas com açúcar para atingir um alto grau alcoólico sem ficar encorpadas demais. Quanto ao milho presente na pilsen, ele está de acordo com os parâmetros previstos para a standard american lager – nome técnico do estilo, usado em concursos. Ele e o arroz têm a função de reduzir o corpo da cerveja, tornando-a mais leve e mais fácil de beber.

O colarinho protege a bebida? VERDADE!
A camada de espuma não deixa que a cerveja tenha contato direto com o ar, Isso reduz a oxidação e a perda de gás.

Cerveja é uma bebida amarga? MITO!
A cerveja pode ter um certo amargor, mas nem sempre é assim. Ela é a bebida mais variada que existe quando o assunto é sabor. O amargor, que geralmente vem do lúpulo, é imperceptível em alguns estilos. Existem cervejas doces, ácidas e até mesmo ligeiramente salgadas.

Algumas lembranças do colunista na "cidade das pizzas" nos anos 1980

Growler com tampa de pressão, ideal para transportar seu chopp

Growler com tampa de pressão, ideal para transportar seu choppFoto: Eduardo Gazal

Pizza com cobertura de fatias de linguiça calabresa, cebolas em rodelas bem fininhas e azeitonas pretas, combinavam com cerveja preta. A clássica "harmonização" na cidade de São Paulo podia ser na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, acho que era Pizzaria do Moraes, ou na Michelluchio na Rua da Consolação, nas imediações do Riviera Bar e Cine Belas Artes.

No bairro da Moóca, a pedida era pizza de escarola. Coberta com uma camada generosa de escarolas refogadas e alice importado, não era peixe brasileiro tipo anchova, nem pensar em cometer tal engano, a clientela saberia. Sim, combinava com chopp ou cerveja com dois dedos de colarinho para "fazer o bigode".

Comer uma fatia de pizza no balcão de uma padaria, bar ou pizzaria era pedida certa. A parte ruim desta prática era esperar outro "disco de massa", com a cobertura de nossa preferência sair do forno. Motivo: a demanda de clientes era maior que a oferta. Matemática simples. Seis pessoas esperando, duas pizzas servidas, doze pedaços consumidos em minutos. Então, para esperar a próxima rodada: "dá um chopp aí meu!" ou "belinho, dá um chopp enquanto sai a outra".

* Com informações de LK Comunicação e Leon Mass.

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