Usina de Histórias

Sons

Por Franco Benites
Por Franco Benites
Publicado em 08/08/2017 às 10:38
Leitura:

Gosto do barulho das ondas do mar quando estou dentro da água ou quando estou com os pés na areia, em terra firme.

Gosto do barulho de um avião cortando o ar porque gosto de voar e viajar.

Gosto de ouvir a voz da minha esposa, quando ela me dá bom dia, ainda sonolenta, ou quando ela canta enquanto toca violão.

Gosto de ouvir a voz da minha sobrinha e afilhada Leticia, 6 anos, me chamando de padrinho ou tio Franco.

Gosto de ouvir samba numa tarde de sábado e uma infinidade de outros estilos de músicas em ocasiões diversas.

Gosto de ouvir músicas novas ou cantores de quem nunca ouvir falar (procurem o português António Zambuja cantando Chico Buarque).

Gosto de ouvir boas histórias, contadas por amigos, desconhecidos, gente que rodou o mundo ou gente que nunca botou o pés fora do Recife e ainda assim carrega o mundo dentro de si.

Gosto de ouvir, na minha cabeça, a voz dos personagens de um livro.

Gosto de ouvir Luke latindo e me chamando para brincar.

Gosto do barulhinho que sai da panela quando se mistura azeite, alho e cebola.

Gosto quando as ruas perto de casa silenciam (é raro!) e ouço os sons dos grilos e passarinhos.

Gosto de ouvir 'boa viagem' quando estou de partida e um 'seja bem-vindo' quando chego a um novo destino.

Gosto do barulho do liquidificador dos vizinhos pela manhã. O que é um barulho incômodo para alguns para mim é apenas um som que me remete a afeto e proteção e que me lembra os momentos em que minha mãe preparava vitaminha para mim e meus irmãos.

O barulho de um liquidificador pela manhã nunca é desnecessário. É sinal de alguém se prepara para começar o próprio dia ou o dia de alguém querido. É mais do que zoada. É zelo.

Barulho de mar acalma o coração / Foto: Gustavo Belarmino/NE10

Barulho de mar acalma o coração Foto: Gustavo Belarmino/NE10

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