Gosto do barulho das ondas do mar quando estou dentro da água ou quando estou com os pés na areia, em terra firme.
Gosto do barulho de um avião cortando o ar porque gosto de voar e viajar.
Gosto de ouvir a voz da minha esposa, quando ela me dá bom dia, ainda sonolenta, ou quando ela canta enquanto toca violão.
Gosto de ouvir a voz da minha sobrinha e afilhada Leticia, 6 anos, me chamando de padrinho ou tio Franco.
Gosto de ouvir samba numa tarde de sábado e uma infinidade de outros estilos de músicas em ocasiões diversas.
Gosto de ouvir músicas novas ou cantores de quem nunca ouvir falar (procurem o português António Zambuja cantando Chico Buarque).
Gosto de ouvir boas histórias, contadas por amigos, desconhecidos, gente que rodou o mundo ou gente que nunca botou o pés fora do Recife e ainda assim carrega o mundo dentro de si.
Gosto de ouvir, na minha cabeça, a voz dos personagens de um livro.
Gosto de ouvir Luke latindo e me chamando para brincar.
Gosto do barulhinho que sai da panela quando se mistura azeite, alho e cebola.
Gosto quando as ruas perto de casa silenciam (é raro!) e ouço os sons dos grilos e passarinhos.
Gosto de ouvir 'boa viagem' quando estou de partida e um 'seja bem-vindo' quando chego a um novo destino.
Gosto do barulho do liquidificador dos vizinhos pela manhã. O que é um barulho incômodo para alguns para mim é apenas um som que me remete a afeto e proteção e que me lembra os momentos em que minha mãe preparava vitaminha para mim e meus irmãos.
O barulho de um liquidificador pela manhã nunca é desnecessário. É sinal de alguém se prepara para começar o próprio dia ou o dia de alguém querido. É mais do que zoada. É zelo.
Barulho de mar acalma o coração Foto: Gustavo Belarmino/NE10