Questão de pele

Melasma: novidades em 2017

Por Cláudia Magalhães
Por Cláudia Magalhães
Publicado em 17/03/2017 às 7:02
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Melanócito, célula produtora do pigmento denominado melanina, antes o único vilão do problema, agora divide a responsabilidade com outras células cutâneas / Foto: free images

Melanócito, célula produtora do pigmento denominado melanina, antes o único vilão do problema, agora divide a responsabilidade com outras células cutâneas Foto: free images

Uma das principais queixas no consultório dermatológico, o melasma não é uma doença grave nem contagiosa. No entanto, ele tem sido um terror na vida de muitas mulheres, devido a manchas acastanhadas escurecidas que ocorrem principalmente na face, mas, também, no colo e nos braços. O melasma incomoda muito e chega a comprometer a autoestima e a vida social de mulheres acometidas por esse tipo de manchas.

O melanócito, célula produtora do pigmento denominado melanina, antes o único vilão do problema, agora divide a responsabilidade com outras células cutâneas. Recentes trabalhos científicos demonstram que o problema não está relacionado somente ao melanócito e, sim, com várias outras células da pele, tais como o queratinócito, o fibroblasto e o mastócito.

Estudos recentes demostram também que os vasos sanguíneos podem ser responsáveis pelo aparecimento e manutenção dessas manchas. O melasma pode ser motivado, ainda, por diversos outros fatores internos e externos, como por exemplo o Sol, o calor e o frio ambientais, os hormônios, o estresse, algumas medicações e os pequenos traumas e agressões à pele. Com tudo isso, podemos entender de maneira muito mais fácil, porque o melasma é tão difícil de ser tratado e, até mesmo, de ser controlado.

Por outro lado, os estudos para o seu tratamento continuam constantes e exaustivos. Neste ano de 2017, estamos vendo algumas novidades e atualizações bastante interessantes, a fim de podermos otimizar o tratamento tão difícil desta patologia tão comum, porém tão complexa.

Então, vamos conferir algumas das novidades:

* Os filtros solares utilizados para os pacientes com melasma devem, obrigatoriamente, ter proteção UVA + UVB, além de terem que apresentar uma combinação balanceada de filtros físicos e químicos, com um fator de proteção solar (FPS) sempre maior do que 50, para qualquer tipo e cor de pele. Eles também devem ser coloridos como uma base, pois somente estes pigmentos tipo maquiagem são capazes de proteger a pele da luz visível, que é emitida pelos telefones celulares, lâmpadas e computadores;

* No tratamento para o melasma, devem ser incluídos inclusive, medicamentos por via oral, além dos diversos ativos clareadores de uso tópico, utilizados preferencialmente à noite. Em relação aos tratamentos por via oral, estão sendo frequentemente citadas substâncias como o ácido tranexâmico e clássico Polipodium leucotomos. É importante ressaltarmos aqui que o ácido tranexâmico por via oral usado para esta finalidade é uma medicação off-label (ou seja, com indicação fora da bula), que necessita ter um controle médico rigoroso. A sua principal ação consiste em bloquear os vários estímulos negativos que provocam e/ou pioram o melasma, tais como a radiação ultravioleta, o estresse oxidativo celular, as alterações hormonais e o aumento dos vasos sanguíneos. Por todos esses motivos, os resultados clínicos do ácido tranexâmico têm se mostrado fabulosos nos casos de melasma;

* Baseado em trabalhos científicos, se observou que é necessário tratar os vasos sanguíneos que estão aumentados nas manchas do melasma. Os Lasers que têm como alvo a hemoglobina presente nas células vermelhas do sangue, como o Dye Laser, a Luz Intensa Pulsada ou o Nd Yag Laser, estão muito bem indicados. Todos estes Lasers irão atuar de forma a destruir esses vasos mais superficiais da pele manchada e desta maneira, conseguimos evitar a manutenção do processo inflamatório, que é uma constante nesta patologia;

* Para o tratamento das manchas propriamente ditas, ainda têm sido indicados os Lasers que possuem como alvo, os pigmentos de coloração acastanhada. Neste caso, o Nd Yag Q-Switched Laser é a indicação clássica. Este tipo de Laser oferece baixa energia e pulsos muito rápidos e por esse motivo, são necessárias várias sessões para haver a destruição e a eliminação do acúmulo de melanina;

* Outra orientação importante é que a pele aonde existe o melasma deve estar bem hidratada e/ou ser submetida à aplicação de vários ativos com ações calmantes e anti-inflamatórias – entre eles, ganham cada dia maior destaque, os fatores de crescimento. Podemos afirmar que a pele vermelha e com descamação devido ao uso excessivo dos ativos clareadores e dos ácidos, induzem a uma maior produção de melanina, ou seja, uma piora consistente das manchas. Este erro é frequentemente observado nos tratamentos das manchas do melasma.

 Como conclusão e mediante à observação de todas essas novidades e atualizações que estão surgindo ou se reconfirmando neste ano de 2017, em relação aos mecanismos de aparecimento das manchas assim como, em relação ao seu tratamento, continuamos a insistir que o melasma é uma “orquestra” que necessita ser regida por um “maestro” bastante hábil e capacitado – o dermatologista!

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