A mulher e a lei

A dor de uma mãe ao ver sua filha sofrer violência doméstica

Por Gleide Ângelo
Por Gleide Ângelo
Publicado em 25/04/2016 às 7:01
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 / Foto: Heudes Régis/JC Imagem

Foto: Heudes Régis/JC Imagem

Caros leitores,

No artigo de hoje falarei sobre a história real de uma mãe que vê a filha de 19 anos sofrer diariamente violência doméstica. Recebi uma mensagem dessa mãe desesperada por não saber mais o que fazer para resgatar a vida e a alegria de sua filha, que parece ter perdido a vontade de viver.

Chamarei a mãe pelo nome fictício de Carmem, a filha de Vanessa e o agressor de Thiago. Nesta história real, Carmem conta que sua filha Vanessa começou a se relacionar com Thiago aos 14 anos de idade: “Nunca aprovei esse relacionamento porque Thiago, então com 16 anos, sempre andou com más companhias. Por diversas vezes ameacei denunciá-lo à GPCA, mas minha filha sempre disse que se eu o denunciasse ela sairia de casa e iria morar com ele”.

Ao completar 16 anos, Vanessa engravidou e teve uma filha com Thiago. Depois do nascimento da filha, Emanuele, ela resolveu ir morar na casa da mãe dele: “Eu sempre enxerguei que ele era uma má influência, por isso ele sempre tentou afastá-la de mim e dessa vez conseguiu. Desde que Vanessa foi com minha neta morar na casa dele, se afastou definitivamente de mim”. 

Mesmo distante da filha, Carmem sempre tomou conhecimento da violência e agressões que Vanessa sofria. E ficou mais grave, pois a mãe de Thiago acobertava tudo o que ele fazia: “Minha filha estava isolada, eu só sabia o que acontecia com ela através dos vizinhos que me falavam do sofrimento. Mesmo assim, ela nunca me pediu ajuda”.

Buscando ajudar a filha, Carmem ligava todos os dias para Vanessa, mas ela desligava o telefone, não queria conversar com a mãe. Até que, certo dia, uma vizinha telefonou dizendo que a filha estava sendo espancada por Thiago e estava gritando muito. 

Desesperada, a mãe telefonou para o 190 e fez a denúncia. Os policiais foram ao local e conduziram todos à Delegacia (Vanessa, Thiago e a mãe dele). Preocupada com a filha, Carmem pegou um ônibus e foi à Delegacia para socorrer a filha. Chegando lá, se assustou ao ver Vanessa machucada; “Quando olhei para minha filha, e fui abraçá-la, ela olhou para mim com ódio. Fiquei sem entender, até ela me perguntar porque eu tinha chamado a polícia. Ela me perguntou porque eu queria estragar sua vida com Thiago. Imediatamente respondi que ela havia sido espancada, e ela, olhando para mim, disse: ele não me bateu, fui eu que estava com raiva e me machuquei. Não se meta mais na minha vida, ele me ama”. 

A DOR DE UMA MÃE

É muito doloroso ver o sofrimento de Carmem tentando desesperadamente libertar sua jovem filha de um agressor covarde e manipulador. Thiago repete a história de muitos homens agressores, isolando a mulher dos familiares para maltratá-la e agredi-la. São muitas agressões sofridas por mulheres como Vanessa, desde a psicológica até a física.

A violência psicológica sofrida por essa jovem é tanta que ela confunde o amor com o desamor. Ela chama de amor algo que está lhe destruindo, lhe maltratando. A autoestima de Vanessa está tão baixa que ela se permite ser agredida e nega a ajuda da sua mãe, pessoa que lhe ama verdadeiramente.  

Vanessa quer negar a realidade. Ela criou uma história de amor que só existe em sua imaginação. O que ela vive é uma história de terror, onde ela se permite ser violentada da forma mais covarde e cruel que existe pelo homem que jurou lhe proteger.

Diante de todos os fatos narrados por Carmem, vemos que Vanessa é uma vítima e precisa de ajuda. A mãe já denunciou à polícia, mas não adiantou, pois Vanessa negou ter sido agredida física e psicologicamente, inclusive alegando uma autolesão.  Muitas mães passam pelo mesmo problema, mas não devem desistir de ajudar suas filhas. Elas precisam da ajuda de uma equipe psicossocial. 

Na Lei Maria da Penha, se prevê a criação de Centros de Referências com atendimento de uma equipe psicossocial para atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica/familiar. Vanessa precisa de ajuda para se libertar de Thiago e transformar sua vida. A palavra de ordem para o caso dela é superação. Por isso, nesses casos, o apoio dos familiares, amigos, vizinhos é muito importante. Conversando, eles vão conseguir conscientizá-la de que precisa de ajuda. Nesse momento, a mulher precisa ser cuidada, não abandonada. 

Por isso, se você também estiver passando pelo mesmo problema de Carmem, não desista, insista. Converse, conscientize e dê apoio porque Vanessa não sofre porque quer, mas pelo fato de estar envergonhada e não saber como mudar sua triste história. Mas é possível mudar essa triste realidade e transformar sua vida. Procure os Centros de Referências e comece a sua história de superação.  Você nasceu para ser feliz, então não permita que ninguém te humilhe e te machuque. Seja dona e autora de sua vida e escreva uma nova história com um final feliz!

Você não está sozinha. Busque ajuda nos Centros de Referência:

Centro de Referência Clarice Lispector – (81) 3355.3008/ 3009 / 3010 

Centro de Referência da Mulher Maristela Just - (81) 3468.2485

Centro de Referência da Mulher Márcia Dangremon - 0800.281.2008

Centro de Referência Maria Purcina Siqueira Souto de Atendimento à Mulher – (81) 3524.9107

Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal - 180

 

Polícia – 190 (se a violência estiver ocorrendo)

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