A Literatura registra a história - social, humana, política, econômica - tracejando letras e arte e contextualizando a humanidade. E é exatamente desta forma que ela é cobrada na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como um suporte - “infelizmente”, segundo professor de Literatura do Colégio Marista São Luís, Daniel Bandeira, que dá as dicas de hoje do Blog do Enem.
Bandeira relembra que, no ano passado, a Literatura apareceu no Enem como esse elemento de suporte, em cima de textos poéticos. Isso seria ótimo, não fosse a dificuldade que, em geral, os estudantes têm para abstrair: pensar além do que lê na prova, na poesia, na crônica.
“A gente vê isso pelas estatísticas, pelos estudos dos resultados, e temos trabalhando para que eles se aproximem da essência do texto, para que percebam que o texto não é apenas a primeira leitura, mas que a Literatura tem outros caminhos, sociais, econômicos, políticos”, diz Bandeira.
Muitos candidatos têm essa dúvida e o Blog do Enem perguntou a vários professores se eles esperam que a prova traga alguma mudança por causa da nova gestão do Governo Federal. A maioria não aposta que possa haver grandes diferenças, mas o palpite de Daniel Bandeira é que, sim, é possível. “Lidando com as artes e a literatura, a gente tem que olhar para o mundo de forma crítica e como já vivemos um ‘tempo de silêncio’, a gente precisa de uma arte que fale”, metaforiza Bandeira.
Mas não precisa criar pânico. O professor explica que os estudantes precisam ter a consciência de que estão “experimentando um novo momento” e que é preciso passar por ele com fôlego. Dito isso, vamos em frente.
Bandeira lista nomes como Adélia Prado, Manuel Bandeira, Manoel de Barros (poeta de Cuiabá), Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Patrícia Galvão, Tarsila do Amaral, revolucionários da arte. “Como dito, a Literatura no Enem é altamente contextualizada, um texto que aparece na prova vem contextualizado e é com base nisso que se chega à resposta”.
É o Sistema Seriado de Avaliação (o SSA da UPE) que ainda se apega a determinar leituras obrigatórias, embora elas não apareçam sempre nas provas. É que, como já dissemos por aqui, o SSA é mais tradicional, conteudista e tende a se apegar a esse formato.
Bandeira explica, baseado no programa divulgado pelo processo seletivo, que a UPE pede Modernismo. Desde o Pré-modernismo, as vanguardas europeias, chegando ao teatro de ruptura, com Nelson Rodrigues e Plínio Marcos, por exemplo. “Considero uma prova que peca pela estrutura de preposições, que é uma forma de preparar as questões que é injusta com o aluno. É glorificar o marcar x. De toda forma, os alunos já são habituados, são treinados para isso”.