Memória

Luciano do Valle, um mito que multiplicou o esporte na televisão

NE10
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Publicado em 19/04/2014 às 17:49
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“Deus existe!!!, Deus existe!!!”. Jamais vou esquecer dessa óbvia constatação de Luciano do Valle ao ver Ronaldo Fenômeno voltar aos gramados em 2009 num jogo contra o Palmeiras, que vencia por 1x0. O atacante voltava de mais uma séria contusão, entrou no segundo tempo e empatou a partida aos 47 minutos. Após aquela narração antológica de Luciano, Ronaldo seguiu fazendo gols, levou o Corinthians ao título paulista e à conquista da Copa do Brasil.

Podemos dizer que Luciano foi alguém que multiplicou o esporte. O vôlei, o basquete, o hóquei, o boxe. Várias modalidades esportivas devem a ele sua valorização pela tevê. Graças a ele, um dia pudemos ver Michael Jordan e Magic Johnson em tevê aberta nas disputadas partidas da NBA. Graças a ele, acompanhamos a ascensão de uma geração de grandes atletas no vôlei, que desaguou na conquista da prata olímpica, em 1984. Graças a ele, vimos as façanhas de Emerson Fittipaldi e outros brasileiros na Fórmula Indy.

Ao abrir a tevê para o vôlei, ele atraiu os patrocinadores para essa modalidade. O Brasil é hoje uma potência mundial neste esporte, mas, se formos lá atrás, vamos entender quem foi que “vendeu este peixe” para os patrocinadores.

Homem de múltiplos talentos, Luciano pontificou em Pernambuco na década de 90 e mostrou a beleza das nossas praias e a riqueza da nossa comida para o mundo. Aqui recebeu títulos de cidadão, fez amigos e viveu um capítulo feliz de sua vida, pois sempre gozou da hospitalidade dessa terra, que lhe retribuiu o carinho com a mesma intensidade.

Certa vez, numa dessas tardes ensolaradas de Boa Viagem, fomos eu e Benira Maia, ambos do Caderno de Esportes do JC, entrevistar esse mito, que comandava o Verão Vivo. Ao vê-lo no palco, brincando, sorrindo, Benira disse: “Zé, ele parece com Sílvio Santos”.

Fiquei com aquilo na cabeça. Verdade. Luciano era o Sílvio Santos do mundo esportivo. Apresentando e empreendendo. Pena que não ficou rico como Senor Abravanel.

*José Neves Cabral é editor da Revista Clássico

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