Pai de santo diz que Exu não traz azar e desaprova rituais que ligam o candomblé ao futebol

Diferentemente do que foi comentado pelo pai de santo Pai Carlos na manhã desta quarta-feira (24) a respeito desta data dedicada a Exu, outros pais de santo do Recife dizem que essa data não deve ser vista como um dia de azar e discordam do envolvimento da religião com o esporte, pois esta seria uma questão que mexe com a vaidade, algo que é desaprovado pela religião.

O pai de santo Manoel Papai, presidente da Associação de Babalorixás e Ialorixás dos Cultos Afrobrasileiros do Estado de Pernambuco (Abicabepe) e representante da cultura afrodescendente no Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico do Governo do Estado, explica que o dia dedicado ao orixá Exu é, na verdade, de alegria e de muita importância para os religiosos do candomblé, pois é quando eles saúdam seu orixá mensageiro. "Exu não é o diabo, isso na verdade é apenas uma lenda do sincretismo católico. Exu é um orixá do bem e o seu dia é um dia de alegria para nós", conta.

FUTEBOL - A respeito dos rituais realizados em prol de times de futebol, Manoel Papai explica que não defende esse tipo de prática. Em seu terreiro, o Sítio de Pai Adão, a única casa ortodoxa de culto nagô em Pernambuco, é proibido fazer esse tipo de ritual, pois segundo ele isso é algo que mexe com a vaidade das pessoas. "Não aceitamos esse tipo de trabalho, estamos aqui pra adorar orixás e cuidar da saúde e da felicidade do povo e não pra se envolver com a vaidade", diz.

Em contrapartida, Pai Carlos afirma que não há vaidade quando um time procura um terreiro para fazer uma oferenda. "O que existe é uma pessoa que me procura pedindo ajuda e interessada em fazer uma oferenda. Eu como sacerdote não posso me negar a atender. Assim como eu faria se o Náutico ou o Santa Cruz me procurassem também. O Sport me procurou quando veio entregar o boi que pagava sua dívida com Exu e eu ajudei. E digo mais, se ele me procurar novamente para fazer uma oferenda, eu garanto que ele vai ser o novo campeão brasileiro", promete.

O presidente do Sport, Gustavo Dubeux, esclarece que é católico e não segue essas práticas. Ele acha que insistir nesse assunto é utilizar a imagem do Sport para se inserir na mídia.