GREVE NACIONAL

Com calendário letivo suspenso, universidades federais da Paraíba seguem sem aulas há 27 dias

NE10
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Publicado em 14/06/2012 às 17:05
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Em greve há 27 dias, os professores da Universidade Federal de Campina Grande decidiram, em assembleia geral realizada na última terça-feira (12), intensificar ainda mais a mobilização que completa um mês no próximo domingo (17). Com a adesão dos servidores técnicos das instituições federais ao movimento, os alunos estão sem perspectiva de quando as atividades voltarão, plenamente, ao normal.

De acordo com o comando local de greve da UFCG, todas as atividades estão suspensas na instituição. Apenas algumas exceções, previamente avaliadas pelo comando de greve, estão sendo permitidas diante da alegação de comprometimento do resultado do trabalho. "São casos como pesquisas que não podem ser interrompidas ou processos anteriormente encaminhados e que envolvem recursos financeiros da instituição", explicou o professor Antônio Lisboa.

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Foto: Adufcg/Divulgação
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Alunos estão sem aulas há quase um mês

O calendário letivo da UFCG foi suspenso e o controle acadêmico online bloqueado para que as aulas não sejam registradas durante o período. Ou seja, qualquer atividade que não seja autorizada pelo comando de greve pode não ter validade. Segundo a Associação de Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (Adusfcg), a medida é necessária para garantir que os alunos não sejam prejudicados quando as atividades retornarem.

A estudante do 9º período de Veterinária Maira Viana está preocupada com o atraso de sua formatura. "Mesmo entendendo e até concordando com os motivos dos professores para deflagrar a greve, fui contra inicialmente porque me preocupa o atraso do calendário letivo. Já estou na reta final do meu curso e agora a tão esperada conclusão só deve se realizar no próximo ano", contou.

Foto: Acervo Pessoal

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A estudante de Veterinária Maira Viana (centro) está preocupada com sua conclusão de curso

Maira, assim como alguns outros colegas de turma, aproveitaram o momento sem aulas para adiantar o material de pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e os estágios obrigatórios. "A ideia é que assim eu não me atrase tanto, pois já estou antecipando o que posso". No campus de Patos, onde a futura veterinária estuda, a biblioteca vem funcionando normalmente, mesmo com a paralisação.

Os cursos de pós-graduação, por sua vez, não foram interrompidos. Algumas pesquisas e projetos de extensão também continuam, já que muitos têm que cumprir prazos de entrega dos relatórios, participação em congressos, entre outras atividade inadiáveis. A pós-graduanda Karla Mota conseguiu negociar com seu orientador para adiantar todas as atividades por e-mail. "Nós entramos num acordo para que eu não me prejudicasse tanto, já que moro em Campina Grande só por causa da pós", disse.

Já na Universidade Federal da Paraíba, além das aulas também foram suspensas as atividades do Restaurante Universitário (RU) e da Biblioteca, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (Sintes-PB). Os serviços ambulatoriais dos Hospitais Universitários também estão suspensos, com exceção dos setores essenciais, que atendem a pacientes internos. No Serviço de Pronto Atendimento (SPA), apenas os atendimentos de emergência foram mantidos.

Foto: Sintes-PB/ Divulgação
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UFPB tem mais de 40 mil alunos sem aulas

Tanto na UFCG, quando na UFPB e Instituto Federal da Paraíba (IFPB), os sindicatos alegam que 30% do corpo de funcionários continuam trabalhando, como previsto por lei. Por isso, o funcionamento dos equipamentos pode variar de um campus a outro.

A UFPB tem cerca de 42 mil alunos sem aulas nos campi de João Pessoa, Areia, Bananeira, Rio Tinto e Mamanguape. A adesão total do movimento de greve nas insitituições federais da Paraíba já chega a quase 95% dos docentes.

Uma nota divulgada pelo sindicato dos docentes informa que a paralisação é “em protesto à falta de disposição do Governo Federal em não apresentar propostas que atendam às principais reivindicações da categoria em todo país”. Os servidores da UFPB reivindicam ainda uma pauta específica junto à Reitoria da UFPB, que inclui a realização de exames periódicos, abertura de novos convênios para os Planos de Saúde, realização imediata de concurso público, regulamentação do horário corrido nos setores não respaldados na resolução e melhores condições de trabalho.

No eixo dos reivindicações dos técnico-administrativos das universidades brasileiras estão: reajuste salarial, piso de três salários mínimos e step de 5%, racionalização de cargos; reposicionamento de aposentados, mudança na lei de carreira, isonomia salarial e de benefícios entre os três poderes.

Durante a primeira reunião entre Ministério do Planejamento e professores, realizada na última terça-feira (12), o governo federal solicitou uma trégua de 20 dias para analisar as reivindicações da categoria, que pede uma reforma do plano de carreira. A suspensão da paralisação não foi aceita e as negociações serão retomadas na próxima terça (19).

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